outubro 2021

Cinco coisas que os empregadores devem ter em mente ao negociar reivindicações de aumento salarial

Por John Clements

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Cinco coisas que os empregadores devem ter em mente ao negociar reivindicações de aumento salarial

outubro 2021 Por John Clements

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Nesses tempos de pós-Covid, estamos vendo uma pressão inflacionária provocada pela elevação nos preços das commodities, bem como por um aumento das reivindicações salariais. Para empresas que agora estão enfrentando negociações com sindicatos, é importante ter em mente cinco princípios simples que ajudarão nas discussões, garantindo um resultado positivo.

À medida que o mundo lentamente sai da crise da Covid-19 (espera-se), têm ocorrido importantes aumentos nos preços das commodities, especialmente no setor energético. Durante a pandemia, houve uma queda na produção de matérias primas, causada por medidas de controle da pandemia, juntamente com a escassez de funcionários devido à doença ou à quarentena. Agora que as economias retomaram as atividades, o fornecimento não consegue acompanhar a demanda, o que tem forçado uma alta dos preços. 

Muitos analisas previram uma inflação salarial, o que agora está se tornando realidade. Em alguns países (especialmente no Reino Unido), há o risco de "superaquecimento" das economias, com um aumento nos salários e nos custos de produção unitária. Isso fica ainda mais problemático com empresas que relatam de forma sistemática dificuldades graves de contratação.

Robert Peston, jornalista político, comentou:

"Esses aumentos salariais podem ter uma das seguintes consequências: irão reduzir os lucros dos empregadores e, teoricamente, inviabilizar alguns desses negócios, ou serão transferidos na forma de alta nos preços para os consumidores".

Portanto, estamos esperando ver um número crescente de casos de empregadores lidando com uma demanda de maiores salários por parte de sindicatos a fim de acompanhar o ritmo da inflação.

Supondo que um certo nível de inflação salarial vá ocorrer, a pergunta então é como as organizações vão lidar com isso de uma perspectiva financeira - aceitando a redução dos lucros (pouco provável), passando o aumento dos preços para os consumidores (indesejável, mas altamente provável), ou aumentando a produtividade (improvável a curto prazo E de uma perspectiva de negociação).

De uma perspectiva de negociação, não parece que as organizações possam resistir de forma realista a essas demandas salariais. Elas devem então simplesmente aceitar a demanda, ou usá-la como uma oportunidade de redefinir as expectativas e o relacionamento com os sindicatos?

Muitos economistas estão prevendo uma inflação nos salários

Como a The Gap Partnership é composta por especialistas que têm orientado muitas empresas na gestão de seu relacionamento com sindicatos, identificamos cinco coisas que devem ser consideradas pelo empregadores ao negociar reivindicações salariais:

UM:

Não faça concessões muito facilmente. Em tempos normais, trabalhamos com muitas empresas que simplesmente cederam às demandas dos sindicatos no passado. Na prática, isso significa que os sindicatos esperam obter o que solicitam e a organização pode ter inadvertidamente treinado o sindicato a fazer reivindicações cada vez mais fora da realidade. Então, mesmo que a demanda salarial seja realista, não diga "sim" de imediato, torne as coisas difíceis de obter.

DOIS:

Obtenha algo em troca. Por fim, você pode ter que ceder à demanda salarial. Mas isso também não é uma oportunidade? Como empregador, pode haver coisas que você queira obter em troca pelo aumento salarial, por exemplo, a harmonização de termos e condições e melhorias de produtividade. O aumento do salário pode dar a você a oportunidade de introduzir suas próprias demandas que colocariam sua organização em uma posição muito melhor para futuras negociações.

TRÊS:

Gerencie suas partes interessadas internas e externas. Você quer que essa seja uma negociação bem-sucedida na qual você alcance seus objetivos. A presença de partes interessadas internas que estejam em desacordo e que falem mal do sindicato, ou ainda que divulguem posicionamentos essenciais, pode destruir a confiança e prejudicar o seu plano. Igualmente importante, pode ser necessário pré-condicionar partes interessadas externas (isto é, no sindicato) em relação ao que de fato será possível alcançar se suas demandas forem muito excessivas.

QUATRO:

Aproveite a batalha para conquistar corações e mentes. De modo geral, os sindicatos são ótimos em se comunicar com seus membros; eles precisam ser assim para poder demonstrar por que os membros devem continuar pagando sua afiliação e por que outros também devem participar. Entretanto, lembre-se que os membros são também funcionários, e não há razão para você como empregador não apresentar o seu caso aos funcionários de forma tão eficaz quanto o sindicato. A pós-pandemia é uma oportunidade perfeita para redefinir o seu relacionamento com os funcionários e torná-lo melhor.

CINCO:

Mude o equilíbrio de poder. Com a potencial escassez de pessoal, pode parecer (e de fato ser o caso) que o sindicato tenha mais poder na negociação. Lembre-se que a maioria dos representantes do sindicato não deseja optar pelas greves, e não necessariamente prioriza os interesses de seus membros (a ambição profissional está tão presente nos sindicatos como em qualquer outro lugar!), portanto, é importante entender o que é importante para eles como indivíduos. Pense em como você pode aproveitar algumas dessas principais alavancas de poder:

  • Você pode mudar a negociação para um período de menos pressão para os seus negócios e talvez de mais pressão para a equipe de negociação do sindicato?
  • Que informações você pode encontrar sobre a equipe de negociação do sindicato? O que é importante para eles como indivíduos?
  • Você tem alguma? Por exemplo, mais pessoal ou uma solução tecnológica? Quais são as alternativas do sindicato? As greves são uma realidade?

Portanto, embora pareça que você tenha que aceitar a demanda salarial ou concordar com uma grande parte dela, há algumas medidas que você pode tomar para preparar o terreno para futuras negociações e que podem até ter um impacto positivo sobre a negociação salarial.

John Clements